giovedì 29 aprile 2010

VALORIZAÇÃO DA CULTURA COMO INSTRUMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


Utilizar a cultura como instrumento de trabalho que possibilite o desenvolvimento sustentável local ainda não é muito difuso no âmbito das políticas públicas. Porém, esta abordagem pode ser importante quando há a compreensão de que não se restringe a um tema específico, uma vez que permeia diferentes segmentos, características e atividades humanas que mudam constantemente, e que pode beneficiar o desenvolvimento de modo mais amplo, considerando tanto os aspectos sociais e culturais como as dimensões econômicas e ambientais.


A valorização da cultura, portanto, é necessária para o desenvolvimento do território, enfatizando e aprimorando as características locais, com seus costumes individuais e coletivos. O benefício de promover o desenvolvimento a partir da especificidade de uma comunidade é que a possibilidade de que esse processo tenha continuidade é mais efetivo do que a promoção de políticas focadas em externalidades, ou seja, um desenvolvimento que não favorece diretamente aos atores locais.

Nesse sentido, um exemplo concreto dessas afirmações é a experiência da Pontifície Universidade Católica do Chile, com sede em Villarrica, que há cerca de trinta anos trabalha com projeto de desenvolvimento sustentável local junto à população Mapuche, na região da Araucania, norte do Chile. O projeto é realizado em conjunto com a comunidade a partir do envolvimento ativo dos mapuche, baseado no conceito de que cada indivíduo possui seu próprio conhecimento, o qual é legítimo e valorizado, o que permitiu, entre outras, que os atores locais eles se transformassem em pesquisadores no projeto. Ações realizadas através deste trabalho como a identificação da biodiversidade do seu próprio território, sua história, sociedade e cultura geraram novos conhecimentos que são utilizados em beneficio da população local, impulsionando o desenvolvimento do turismo, da economia e do seu território.

Um outro exemplo a ser citado é o caso do Ecomuseu do “Valle del Raganello” na Região da Calábria, sul da Itália, onde se encontra a maior comunidade Arbereshe do mundo. Trata-se de uma proposta baseada em um pacto em que cidadãos e instituições locais interagem e trabalham juntos pela tutela de seu próprio patrimônio. Neste caso, sete municípios da região participaram na realização do projeto com o objetivo de valorizar a vocação e o perfil do território com uma perspectiva de desenvolvimento sustentável. Assim, através de novos conceitos criados e novas atividades turísticas ofertadas foi desenvolvida uma integração e valorização dos serviços prestados aos cidadãos e também aos visitantes.

Sendo assim, a valorização da cultura deve ser entendida como uma relevante ferramenta de intervenção para o desenvolvimento local, pois, a partir da compreensão do território e os seus elementos é possível criar o cuidado quanto ao modo de vida dos seus indivíduos e ambiente. Além disso, a promoção da identidade local garante maior autonomia e auto-estima à comunidade, uma vez que incentiva maior organização social, influencia o surgimento de novas atividades, novas propostas e um contínuo desenvolvimento.

Eva Merloni, Flaviana Rosa, Laura Travaglia, Letícia Camargo e Silvanise Marques.