A atividade turística vinculada a uma beleza natural, histórica ou cultural é uma das formas mais triviais de desenvolver economicamente um local, entretanto, é válido considerar que a lógica inversa, ou seja, um local que não possui vocação turística também pode se beneficiar desta atividade. O município de Bilbao, na Espanha, é um exemplo de que mesmo possuindo uma economia diversificada, a atividade turística, mesmo não sendo sua principal atividade econômica, possuiu papel fundamental na reestruturação econômica, e atualmente, como conseqüência desta recuperação os outros setores vivenciam os benefícios desta mudança.
Historicamente, Bilbao surgiu no período medieval e com o tempo passou a ser uma cidade mercantilista. No final do século XIX, adquiriu característica industrial, passando a ser chamada de cidade do ferro, por estar localizada numa região de extração deste metal, que lhe permitiu o desenvolvimento da indústria do ferro, do aço, da química dentre outros. No entanto o declínio da produção de minério de ferro, aliado a transição da atividade portuária, gera na cidade de Bilbao uma degradação do espaço urbano central, transformando bairros tradicionais como La Vieja em antros de prostituição e tráfico de drogas.
A partir da crise econômica, a qual impactou também a ocupação do território, o país basco foi a primeira Comunidade Autônoma Espanhola que consensualizou e produziu uma estratégia territorial para o seu posicionamento nacional e internacional, planejando, assim, o fortalecimento da região a fim de projetar sua reputação internacionalmente, através de políticas que mantenham a identidade do território e cultura local, porém, garantindo um único mercado de trabalho e evite a urbanização difusa, além de investir em equipamentos urbanos que proporcionem a realização de eventos de referência. Assim, a implantação do Museu Guggehein (1992-1997), no município de Bilbao, é considerada uma das estratégias previstas para o fortalecimento da economia regional, pois além de introduzir um novo destino turístico, o que produziu efeitos econômicos muito positivos, também se transformou no símbolo da cidade, fortalecendo, assim, a identidade local.
Em Bilbao, a implantação do museu constituía uma das ações do plano de reestruturação do município, no qual foram delineados outros grandes projetos arquitetônicos - tais como o Palácio de Congressos e da Música Euskalduna, o Metro de Norman Foster, o aeroporto de Calatrava, o Novo Bonde - os quais prezavam por investimentos em infra-estrutura atrelados à ações que retomassem as relações sociais e atração de investimentos. Pode-se citar: a concentração de investimentos e esforços para a ocupação dos vazios, a reutilização do patrimônio instalado, a requalificação de espaços e a intensificação e mistura dos usos. Especificamente, à revitalização de sua área central, e conseqüente recuperação econômica, a qual pode ser atribuída primeiramente à implantação do museu Guggehein, cujo impacto sobre a economia da região já alcançou a cifra dos 817 milhões de euros. Os efeitos diretos e indiretos depois da sua inauguração representam 0,4% do PIB produzido pela economia basca e 0,5% de todos os empregos da região. Com relação aos impactos sociais, sua atuação promove atividades educacionais que elevam a auto-estima dos habitantes, incrementando a qualidade de vida da região e acelerando um motor cultural e turístico capaz de atrair 500 mil visitantes anualmente.